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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Uso de plantas ornamentais em saneamento

Novidade! Uso de plantas ornamentais em saneamento
Autor: Regina Motta Data: 16/2/2010

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lém do uso em paisagismo e reflorestamento, as plantas ornamentais estão sendo estudadas em tratamento complementar em esgoto doméstico.


Esta pesquisa foi desenvolvida na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e testado na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) pelo engenheiro civil Luciano Zanella.





É um recurso ideal para pequenas propriedades como sítios e fazendas e tem a característica principal não ter necessidade de uso de produtos químicos ou eletricidade. A porcentagem de remoção da matéria orgânica é de 30%.


No Brasil não havia relato da introdução de plantas ornamentais nesse sistema, embora a utilização desse tipo de tratamento seja crescente. Em outros países, essa configuração de tratamento é largamente usada, sendo encontrada até mesmo para o tratamento de esgoto industrial.


O sistema de pós-tratamento foi responsável por 30% da eficiência do sistema de tratamento na remoção de matéria orgânica e consiste em uma alternativa prática do ponto de vista operacional. Não há necessidade de uso de produtos químicos ou eletricidade e, por isso, o sistema torna-se ideal para pequenas propriedades, como sítios e fazendas.


A opção oferece ainda baixo custo de operação e também poderia ser aproveitada por comunidades rurais não-servidas por sistemas convencionais de coleta e tratamento, ou que possuam sistema de saneamento que trate o esgoto de maneira secundária.


A utilização de bambu como meio-suporte pode facilitar ainda mais a aplicação em áreas rurais, visto que o bambu é facilmente encontrado em qualquer parte do país.





O sistema wetland-construído, baseia-se no termo wetland já conhecido:


O termo wetlands (do inglês) ou áreas alagáveis é utilizado para caracterizar vários ecossistemas naturais que ficam parcial ou totalmente inundados durante o ano.
Estes sistemas têm importantes funções dentro dos ecossistemas onde estão inseridos.





Fonte:www.training.gpa.unep.org/images/port/gif/con..


As wetlands construídas são tipos de sistemas artificiais manejáveis, que têm despertado acentuado interesse mundial nestas últimas décadas.


Estes sistemas têm sido matéria de muitas discussões, as quais apresentam um ponto positivo: o desenvolvimento de pesquisas e experimentos conduzindo para um maior conhecimento e experiências nessa linha de pesquisa (HARBEL, 1997).




Fonte:http://naturezadivina.org/comunidade/?q=sistema-de-tratamento-de-guas-cinzas


As principais vantagens desses sistemas são:


a) baixo custo de implantação;
b) alta eficiência de melhoria dos parâmetros que caracterizam os recursos hídricos;
c) alta produção de biomassa que pode ser utilizada na produção de ração animal, energia e biofertilizantes.


Na pesquisa citada,foram montadas seis piscinas de fibra de dois mil litros cada uma, de forma que o esgoto já tratado da Faculdade passasse pelas piscinas. Em três piscinas ele acrescentou brita ou pedras de construção até a borda e nas outras três o material usado foram anéis de bambu.


Na seqüencia, plantou-se duas espécies plantas ornamentais usadas em paisagismo e jardinagem, o copo de leite e o papiro.





Sabe-se que as plantas absorvem os nutrientes do esgoto, colaborando com o tratamento. Em uma segunda etapa, mais oito espécies foram plantadas. O copo-de-leite sozinho não apresentou uma boa adaptação ao sistema. No entanto, junto com outras plantas ornamentais como o biri e o mini-papiro, o resultado melhorou.





Para selecionar as plantas que poderiam oferecer um bom desempenho no sistema, Zanella fez contato com biólogos e pesquisou junto a paisagistas e produtores de mudas as melhores opções para os ambientes próximos a lagos e rios. As análises contemplaram as características de cor e turbidez, a remoção de sólidos, de matéria orgânica, de nutrientes e de microorganismos. Na maior parte das variáveis, o grau de eficiência foi significativo.


A conclusão é de que este tipo de sistema é recomendável como um tratamento complementar ao esgoto doméstico já tratado numa primeira etapa em que a remoção dos resíduos mais pesados já foi feita. O resultado do tratamento complementar do esgoto poderia ser lançado em rios e lagos.


A aparência foi significativamente melhorada, com redução importante dos sólidos e matéria orgânica.
Uma boa opção seria o reúso em vasos sanitários, tema de bastante importância no meio científico e tecnológico nos últimos anos, mas para o qual o esgoto ainda necessitaria de uma desinfecção.


Pedras e bambus


Não é novidade a utilização de pedras e bambus para o pós-tratamento de esgoto doméstico. Tanto o bambu como as pedras atuam como filtro e meio-suporte para microorganismos que proporcionam o tratamento. As análises, no entanto, apontaram o bambu como alternativa viável, embora com eficiência menor que quando utilizadas as pedras.


Apesar dos testes estatísticos indicarem que o tipo de material suporte tem mais significância que a espécie vegetal na obtenção de resultados satisfatórios, isso não descarta a utilização de plantas ornamentais, principalmente pelo seu efeito paisagístico. que diminuiria os índices de rejeição do sistema pela população.


A introdução de espécies de plantas de paisagismo proporcionaria, inclusive, uma possibilidade de geração de renda para os pequenos produtores. A idéia inicial do trabalho era utilizar plantas de corte para agregar valor ao serem vendidas, fazendo um tipo de “cultura hidropônicas adaptada”.


Pelos resultados, o sistema de pós-tratamento foi responsável, em média, por cerca de 30% da remoção tanto de sólidos em suspensão, quanto de matéria orgânica, em relação ao total obtido na estação de tratamento. O wetland-construído de leito de brita e vegetado com papiro alcançou valores médios de remoção de fósforo total de 27,7%.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Biopirataria

Biopirataria - Levam nossas plantas nativas, nossos animais e não fazemos nada!
Autor: Regina Motta Data: 28/1/2010

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esde os idos de 1500, quando começamos a existir para o mundo, nossas riquezas vêm sendo exportadas, apropriadas clandestinamente, sem qualquer controle. Sabemos disso, sempre soubemos e nada até hoje foi feito para que haja um controle de nossos bens naturais.


Nosso Pau-Brasil (caesalpinia echinata lam) foi tão brutalmente saqueado que hoje, no século XXI, é uma planta nativa raríssima no próprio país que recebeu seu nome, dizimada e quase extinta.



Pau Brasil - planta nativa em extinção





A Biopirataria movimenta por ano, no mundo, cerca de US$ 60 bilhões, o que faz dela a terceira atividade ilegal mais lucrativa do planeta, atrás do tráfico de armas e de drogas. O Brasil possui a maior biodiversidade do planeta, perde cerca de US$ 1 bilhão por ano com o roubo de materiais genéticos, sobretudo na Amazônia (o Brasil abriga duas em cada cinco espécies de formas de vida deste planeta), conforme estimativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)


Em 2006, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou a falta de controle nas fronteiras como razão da perda anual de US$ 2,4 bilhões, com a saída de animais e plantas que acabam por gerar produtos patenteados no exterior.
São muitas as ameaças à biodiversidade brasileira: biopirataria, aquecimento global, desmatamento, tráfico de animais, superexploração de espécies. E a mais terrível parece ser a nossa inoperância diante disso tudo.
O Brasil ratificou a Convenção da Biodiversidade Biológica, em 1994.


Diz a Senadora Marina Silva, em artigo publicado pelo Jornal Folha de São Paulo, em 27-9-2009 que, em 1995, apresentou proposta no Senado para disciplinar o acesso aos recursos genéticos no país. O projeto (PL 4.842) foi à Câmara dos Deputados em 1998 e lá está até hoje. Outra tentativa foi feita em 2003, por meio do Ministério do Meio Ambiente.


Segundo a Senadora, nova proposta foi negociada por mais de cinco anos, com todos os setores interessados. Novamente deu em nada.


As notícias que geraram o artigo citado:
O Museu de História Natural de Genebra divulgou sua nova aquisição: o Titanus gigantus, o maior inseto do mundo, conhecido como besouro gigante da Amazônia.





Seu tamanho impressiona – é maior que a mão de um adulto – e certamente fará sucesso entre os visitantes. De acordo com o museu, acredite-se ou não, o besouro teria "viajado por engano na mala de um turista suíço". Assustado, ele teria chamado uma empresa de dedetização, que encaminhou o espécime ao museu.


Outro besouro, este de valor econômico inestimável, foi comprado por pesquisadores americanos, por meio da Internet, de um vendedor belga – Simples assim!





Os Pesquisadores da Universidade de Utah acreditam ter encontrado o cristal fotônico ideal na carapaça do besouro Lamprocyphus Augustus. Esse cristal é essencial para a construção de circuitos eletrônicos que manipulem dados por meio de luz (fótons), em vez de cargas elétricas (elétrons).
É provável que, apenas com a tecnologia decorrente das pesquisas com este único besouro, os americanos produzam mais riqueza do que todo o valor anual da exploração ilegal de madeira, da soja e do gado na Amazônia.


Diversas espécies de plantas nativas da Amazônia estão sendo estudadas em vários países na busca de medicamentos para o tratamento de males que afligem a humanidade. A copaíba (Copaifera sp), a andiroba (Carapa guianensis Aubl. ), a unha-de-gato (Uncaria tomentosa) e a carapanaúna (Aspidosperma nitidum) são exemplos de plantas medicinais de uso secular na Amazônia pelo índio, pelo ribeirinho, pelo curador da comunidade, perpetuando a condição de "terra rica e povo pobre".


A copaíba é um potente antiinflamatório, ao passo que a unha-de-gato atua sobre o sistema imunológico, permitindo ao organismo reagir contra diversas infecções.


Essas plantas nativas estão sendo levadas sem autorização – portanto, roubadas. É comum encontrá-las no interior da Amazônia com uma facilidade que não se encontra em outros países. Esses materiais passam pela fronteira e até pelos grandes aeroportos da região, sem que a fiscalização detecte e apreenda.


Empresas internacionais acabam patenteando produtos obtidos de recursos bioquímicos e até genéticos retirados de nossas plantas nativas sem nos pagar por isso, apesar da Convenção sobre a Diversidade Biológica, assinada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, e adotada por muitos países, entre eles o Brasil (Dec. Leg. nº 2, 1994).Quanto à legislação ambiental brasileira sobre o tema, destaca-se o artigo 225 da Constituição Federal (1988), que protege a diversidade quando diz que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.


O barbatimão-de-folha-miúda, por exemplo, uma planta nativa do Brasil, é industrializado nos Estados Unidos desde o início dos anos 60. Sua vagem possui a chamada rutina que, misturada com a experidina (substância presente na casca da laranja), é capaz de evitar abortos e hemorragias. O jaborandi do Maranhão, que tem um princípio ativo chamado pilocarpina, é amplamente usado na Alemanha em colírios para controlar o glaucoma.
A acerola também já foi patenteada pela Asahi Foods, além do cupuaçu. É uma lista imensa de riquezas que perdemos por inoperância.





A lista dos países alvo da biopirataria é grande. Madagascar, Quênia, Senegal, Camarões, África do Sul, Zaire, Brasil, Guiana, Peru, Argentina, Venezuela, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Rússia, Tanzânia, Indonésia, Índia, Vietnã, Malásia e China. Calcula-se que esse comércio ilegal movimente cerca de 10 bilhões de dólares por ano. O Brasil responde por 10% desse tráfico, que inclui animais e sementes. Segundo o Parlamento Latino-Americano, mais de 100 empresas fazem bioprospecção ou biopirataria no Brasil.


Calcula-se que cerca de 40% dos remédios sejam oriundos de fontes naturais, sendo 30% de origem vegetal e 10% de origem animal e microorganismos. Grande parte do princípio ativo dos hipertensivos é retirada do veneno de serpentes brasileiras, como, por exemplo, a jararaca.





Continuamos sem regras. E todo o conhecimento gerado pela biodiversidade continuará sendo apropriado por quem chegar primeiro, sem gerar dividendos para o país.


* Marina Silva é senadora e ex-ministra do Meio Ambiente. Artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, em 27/07/2009.


Fontes:
http://www.ecoagencia.com.br
http://www.sescsp.org.br
http://super.abril.com.br/superarquivo/1995/conteudo_114971.shtml